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“Você escutava as pessoas gritando nos telhados pedindo socorro”

As pessoas por trás da reconstrução

Por Daniela Venâncio 

A enchente que atingiu o município dos Palmares no dia 18 de junho de 2010, afetou 39 cidades em Pernambuco. De acordo com reportagens realizadas na época, 19 pessoas morreram e cerca de 40 mil ficaram desabrigadas em decorrência das fortes chuvas.

 

Naquela sexta-feira, dia 18 de junho, o nível do Rio Una subiu 6 metros e varreu boa parte de Palmares um dos municípios mais afetados. Após as chuvas os gestores da cidade decretaram estado de calamidade pública.

Essa fora considerada uma das piores na história da cidade. Os moradores e comerciantes sabiam que seria necessário muito tempo e empenho para reconstruir tudo o que haviam conquistado até então. Somente depois que o nível do Rio Una baixou é que foi possível mensurar os prejuízos e começar uma operação para reconstruir a cidade.

 

A alagoana Luciene dos Santos, havia se mudado para uma área próxima a margem do rio que corta a cidade 1 ano e meio antes de a enchente acontecer. Durante o alagamento o local foi devastado. Ela e o marido palmarense, vieram de Maceió para trabalhar e morar em Palmares. Eles haviam mobiliado toda a casa e perderam tudo.

 

Luciene só conseguiu entrar em casa 15 dias após o alagamento e conta que durante esse período sonhava todos os dias que suas coisas estavam intactas dentro da casa. Ao se deparar com a realidade se assustou com o que viu. “Parecia cena de filme de terror”, lembra.

 

E ela continua “Achei que ia dar pra aproveitar alguma coisa. Eu ouvia as pessoas dizendo eu lavei meu sofá e prestou, mas não tinha como porque a água arrancou o telhado. A água subiu dois metros e meio”. Apesar das dificuldades enfrentadas sempre há algo de bom que surge em momentos como esse Luciene afirma que a união das pessoas estavam aqui.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na época Luciene trabalhava em uma escola particular e teve que recomeçar sua vida do zero apenas com o adiantamento do salário mês. Ela conta que depois do que passou, dias chuvosos a preocupam. “Pessoalmente, eu tenho medo”, afirma. Ela explicou que a casa onde mora atualmente é mais próxima do Rio Una que a anterior.

 

A situação que a cidade ficou após o alagamento a marcou de formas diferentes quem passou por aqueles momentos. Luciene dos Santos diz que as pessoas da cidade mudaram o comportamento e estão sempre atentos aos alertas emitidos pela Defesa Civil através das redes sociais.

 

Atualmente Luciene trabalha na Secretária de Infra-Estrutura do município dos Palmares e mesmo sabendo das ações desenvolvidas pelo poder público e, dessa forma ter outra visão do problema que enfrentou, ela ainda fica em estado de alerta a qualquer sinal de chuva.

 

 

“Por mais que a gente fizesse era pouco!”

 

O assessor técnico da Secretaria de Infra-Estrutura do município dos Palmares, Neilton Santana, morador da cidade de Catende, estava em Palmares durante a enchente e ajudou no socorro às vítimas. Em 2010, ele já trabalhava na prefeitura dos Palmares e fazia parte da diretoria da Secretaria de Obras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neilton, assim como as outras pessoas que estavam na cidade e enfrentaram situações limite, ficou impressionado com as cenas que viu e se recorda de cada momento que viveu durante aquele fim de semana onde a força da natureza foi implacável.

 

 

É preciso reconstruir

 

A chamada “Operação Reconstrução” foi criada para prestar auxilio de forma desburocratizada às 39 cidades afetadas pelos alagamentos ocorridos em Pernambuco. O objetivo era desburocratizar o acesso às verbas para a realização dos projetos e acelerar, assim, a reconstrução de Palmares e das outras cidades afetadas pelas enchentes no estado.

 

Palavras como dizimadas, destruídas, aniquiladas são comuns no vocabulário do coordenador de projetos da Secretaria de Infra-estrutura de Palmares Pedro Acioly. O atual coordenador de projetos atuava na Secretaria de Agricultura da cidade em 2010, época em que ocorreu a enchente. Ele conta que viu o hospital, o ginásio e a praça central da cidade - entre outros locais - destruídos durante o trágico acontecimento.

 

Pedro Acioly e outros membros da comissão responsável pela “Operação Reconstrução” tinham que tomar decisões diariamente para gerir os recursos destinados a auxiliar os desabrigados e as pessoas que viviam em áreas de risco.

Ele explica que o período crítico foi durante os quatro primeiros meses após as cheias. “De manhã sentávamos (para conversar), fazíamos todo o planejamento. Á tarde nós retornávamos pra saber como tinham ocorrido as ações” detalha.

 

O coordenador considera que a ação do poder público foi rápida, pois na segunda-feira seguinte ao fim de semana caótico, as autoridades deram inicio ao processo de reconstrução das cidades afetadas pelas enchentes.

Imagem: Augusto Cataldi

"Quando entrei na minha casa e vi tudo destruído, não aguentei nem passar da sala. Foi bem doloroso ver tudo que eu tinha se acabar"

"Eu moro em Catende, cidade vizinha, e não fui para casa. Fiquei para ajudar as pessoas"

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