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Alívio em forma de barragem

Por Aline Tavares

A enchente que devastou a cidade de Palmares no ano de 2010 deixou a população amedrontada. Qualquer chuva ou menção de elevação do nível do Rio Una, nos meses seguintes à tragédia, trazia a sensação de pavor, de que tudo poderia acontecer novamente.

 

Devido às mudanças climáticas e as características do relevo das bacias hidrográficas da região da Mata Sul de Pernambuco, as cheias são recorrentes e gradativas. No ano de 2000, o nível da água não passou de um palmo dentro da casa dos afetados. Em 2005, já subiu um pouco mais, quase um metro. Segundo dados da Defesa Civil de Palmares, a enchente de 2010 chegou à marca de 12 metros acima do nível do rio Una.

 

Em conjunto, os governos Federal e Estadual investiram aproximadamente R$ 650 milhões destinados para a construção das cinco barragens de contenção, com a finalidade de minimizar as inundações em áreas que tem um histórico de alagamento crítico. As obras estão localizadas em São Benedito do Sul, Cupira, Lagoa dos Gatos, Barra de Guabiraba e Palmares.

 

As barragens vão proteger das enchentes uma área da bacia hidrográfica do Una de 2.060,23km², correspondente ao médio e baixo curso, onde estão inseridas áreas de 28 municípios, sendo dez sedes municipais (Belém de Maria, Catende, Cupira, Jaqueira, Lagoa dos Gatos, Maraial, Palmares, São Benedito do Sul, Água Preta e Barreiros).

 

 

Serro Azul

 

A maior das cinco barragens é Serro Azul, localizada a 18 km do município de Palmares, foi construída com o objetivo de evitar que cheias do Rio Una como as de 2010 e 2011 que impactaram vários municípios da Mata Sul voltem a ocorrer e para o abastecimento de água para as populações da região. O lago que ela vai formar terá capacidade de armazenar até 303 milhões de metros cúbicos de água, ocupando uma área total de 907 hectares e vai abranger áreas localizadas nos municípios de Catende, Palmares e Bonito. A barragem de Serro Azul será construída no município de Palmares e formará um lago que vai abranger áreas localizadas nos municípios de Catende, Palmares e Bonito.

 

Por causa do alagamento, os moradores dos arredores precisaram ser retirados. Parte do orçamento disponibilizado pelo Governo Federal e Estadual será para as indenizações e negociações com as famílias afetadas.

 

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura do Estado de Pernambuco, as obras tiveram início em janeiro de 2011 e estavam previstas para conclusão em maio de 2013. Mas, até maio de 2015, apenas 80% da barragem estão prontos e sem previsão para acabar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Defesa Civil

 

Além da construção das barragens, outro advento foi instaurado para a prevenção e assistência de desastres no município de Palmares. Um grupo de apenas 5 pessoas integra a Defesa Civil de Palmares, referência para o estado e para todo Brasil, por causa de suas ações dentro e fora da comunidade.

 

Por causa da geomorfologia acidentada da cidade, a chance de deslizamentos é muito alta. A Defesa Civil atua principalmente na área de gestão de riscos, com monitoramento das áreas mais ameaçadas, e também com vistorias técnicas e capacitação não só dos funcionários, como dos voluntários e dos moradores da região.

 

Apesar dos apenas cinco representantes, a Defesa Civil também conta com o Núcleo de proteção e defesa civil comunitária (Nupdec) e Corpo de Voluntários da Defesa Civil. Para se voluntariar, o morador deve se cadastrar na sede e participar regulamente das atividades. Uma curiosidade sobre o corpo de voluntários é que ele é constituído na sua maioria por bombeiros civis.

 

Depois de capacitar os voluntários, é importante dar um suporte à população. Continuamente são oferecidos nas comunidades de risco, simulados de preparação para o desastre, nos quais a Defesa Civil junto com os voluntários, visitam um determinado setor da comunidade e o prepara a população para o que fazer antes do desastre, instruindo os moradores nas coisas mais básicas e de resposta imediata, como “quando eu devo sair? Com que roupa eu devo sair?”

 

Alisson Calixto é o atual coordenador da Defesa Civil de Palmares, mas participou das ações de assistência humanitária em Palmares no ano de 2010 pela Cruz Vermelha.

 
“Mesmo que nós fôssemos cem funcionários, nós não temos condições de ser onipresentes em todos os setores para poder acompanhar uma situação de risco. Então quando nós empoderamos a população e indicamos o que ela deve fazer ou não, como nos contatar, já é uma ajuda para nós e para eles, que conseguirão se livrar de uma ameaça mais rápido e sem pânico.”, afirma.

 

Altruísmo e gostar de gente. Essas são as coisas que Calixto aprendeu depois de participar do auxílio aos que sofreram com a enchente. “A gente não doa nada, a gente recebe; recebe gratidão, um abraço de carinho. Aquela pessoa se sente confortável, confortada naquele momento. Você ajuda a diminuir o sofrimento humano.”

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